um espaço afinal de partilha de ideias e sonhos, textos e afins, enfins que visam fazer contra-corrente por um mundo melhor... os ideais não colocam pão na mesa, mas se assumidos fazem a diferença em redor. fluir simplesmente e amar ferozmente o mundo.

domingo, fevereiro 26, 2006

Perfil da Sombra

Noite.
Os vultos escusos vagueiam.
A aragem fria, cortante
Carrega presságios de morte.
A solidão imensa, intensa, profunda
Invade a profundidade do ser.
Os esqueletos da loucura,
Dançam uma qualquer dança macabra.
Há gritos de silêncio no ar.


Corpo.
Vão, decrépito, forma de nada.
As formas voluptuosas, grosseiras,
Excedidas, grotescas, imundas.
Rosto.
Rasgado, cansado,
Marcado por sulcos de dor.
Espasmos amargos de angústia,
A tristeza da lágrima na face que sofre.
Sombras.
Imagens obscuras, não concretas.
Reflexos de projecção da luz distante.
Espaço perdido no tempo presente.
Movimentos passionais de histórias afinais.
-Grita, doce velho parasita!
Carrega no centro do ser tua alma,
Tua essência escorrida no lodo.
Sombra fiel e constante companheira,
Tortura infame do espírito criança.
Palavra silvante que pede perdão.
Perfil da sombra.
O punho fechado, o lábio sangrado,
Lutas de fome na gruta do medo.
Desesperos no cansaço...
Não há mais magia, nem alegria.
Não há mais nada do nada que já és.
Olha, toca, destroi.
Animal enraivecido, selvagem,
Bruto, cego e perdido.
Monstro.
Nulo, amoral, antisocial.
História cruel, terrível maldição!
Blasfémias da desilusão.
Perfil da Sombra
História de um homem, sina de uma vida.
M.